Afinal, quem sou eu?

Eu sei quem sou, e, disso não reclamo,

Pois, mais, a cada dia me convenço:

Eu sou a simples gota no oceano;

O grão de areia no deserto imenso.

Perante o macrocosmos soberano,

A esse vazio da escuridão pertenço...

Eu sou somente um átomo profano,

Pela inconstante solidão suspenso.

...E, nessa nave, onde a existência mora,

Sou mero passageiro, e, mesmo assim,

O tempo não perdura, nem vigora...

Não sou início, muito menos fim...

Sou nada no infinito que há lá fora;

Sou tudo no universo que há em mim...

Hélio Cabral Filho
Enviado por Hélio Cabral Filho em 29/07/2020
Código do texto: T7020376
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