GUARDA-CORPOS

GUARDA-CORPOS

Se das alturas formos cair d'amores,

Como dois corpos beira ao precipício,

Volvamos ao terraço do edifício,

Quando o poente suspira seus primores.

Mas nos guarde de voar por amadores,

-- Tão mais leves do que ar onde propício... --

Os limites do chão, cujo artifício

Nos proíbe os desvãos dos arredores.

Precipito-me em ti como na morte;

Como se nos teus olhos minha sorte

Eu percebesse junto à Estrela d'Alva.

Ali, guarda teu corpo ao corpo meu.

Enquanto debruçados contra o céu,

Não mais que um centímetro nos salva...!

Belo Horizonte - 07 07 1994