Soneto fúcsia

Pelas vestes purpúreas roçam vinhas,

parando nas mãos tuas delicadas,

passando-lhe o calor que sai das minhas,

deixo-lhe a face mais e mais corada!

Dançam recortes rubros de cetim,

numa canção despertam-me o afã

de provar esse corpo de marfim,

escultura deitada em meu divã...

Retrato aqui em palavras o que vejo,

inconsequente, exponho o meu desejo,

tudo projeto, um textual ecrã.

Alvejam-me luzentes avelãs

feito projéteis da remota Rússia.

Mas como é perigosa esta Kathyucia!

Augusto Montes
Enviado por Augusto Montes em 26/07/2020
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