SONETO PERDIDO
"Andas tão místico, andas tão distante
E a noite em teu olhar exala estrelas
A penhorar destinos, perturbante
É o teu errar alheado, sem chancelas.
És outro, sendo o mesmo ao mesmo instante
No qual trafegas nessas mesmas telas
Do enigma obsceno em passo triunfante --
Andas tão louco e é pouco o que revelas...
Trarás certezas dessa trilha obscura?
São tempos, eu bem sei, de desespero
E a dor tece elogios à loucura.
O fruto do querer é sempre verde
Em teu errar alheado mas sincero...
És como algum tesouro que se perde."
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