Soneto da Desesperança
                    "Perdi o bonde e a esperança." CDA

 
Aos poucos, perco o rumo dessa estrada
Desesperado estou do meu futuro...

Marcado trago o corpo da chibata,
Meu verso é o que sobrou de quase tudo.
 
Por meu trabalho, o pagamento justo
Não recebi nem fui recompensado
Por quem colheu da minha lavra o fruto,
Sem partilhar comigo o que era meu de fato.
 
Maior pecado ter nascido escravo,
Na cor da pele, ter, triste, o destino,
De via-sacra, em busca de Calvário.
 
Vou derramando, ao longo do caminho,
Meu sangue e meu suor, em cada passo...
Perdi meu bonde. E tudo está perdido...
 


Bela e honrosa interação do Poeta  André Luiz Pinheiro:

Eu já perdi meu rumo há muito tempo
Na curva d'uma esquina que esqueci
Que hoje quando eu ando por aqui
Futuro e passado eu nem contemplo...
 
Gargalho do presente contratempo
Que até eu muito choro só de rir,
Mas levo a sério quando o porvir
Lembrando a morte traz como exemplo..
 
Não me preocupo mais com pagamentos
Considerando em mim proventos meus
De alguma paz, migalhas dos momentos..
 
E sigo caminhante, itinerante
Levando atentos versos de adeus
Aos ventos desatentos num mirante...

Fernando Antônio Belino
Enviado por Fernando Antônio Belino em 24/07/2020
Reeditado em 18/04/2023
Código do texto: T7015726
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