SER VELHO É FANTASIAR
(Dando prosseguimento a nossa conversa
rimada)
Toda essa estória de frio e centelha,
Me lembrou uma antiga anedota,
Que, de verdade tem lá sua cota,
Porque co’a vida de alguns se assemelha.
A mulher, de camisola vermelha,
Diz ao consorte, já puxando briga:
- Não me procuras, velho d’uma figa!
- Nem você se esconde, sua pentelha!
Mas, se o que dá pra rir, dá pra chorar,
Também dá pra dizer em poesia,
Assim, trocando a dor pela alegria.
Na real, ser velho é fantasiar.
A nós, só nos resta relembrar
Tudo aquilo que a gente foi um dia.
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Exatamente uma hora depois:
==MOÇA DA CAMISOLA VERMELHA==
Bela moça, vermelha camisola,
Resplandecendo sob a luz neon,
De uma fita cassete vem o som,
Como também de uma radiola.
A penumbra do quarto me consola,
Fico pensando ainda que sou bom,
Mas desse violão não sei o tom,
E desafino ao tocar viola.
A moça abre o seu guarda-roupa,
Devagarzinho tira a sua roupa,
Enquanto devagar me espreguiço.
Olho moça com todo seu encanto,
E faço uma careta de espanto,
E falo vixe: que já fui bom nisso.
Ao mestre e jovem como eu Jota Garcia. Kkkkk
24-07-2020. Fernando c. lima.
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Assim você me assusta!
SERÁ QUE EU SOU CARETA?
Quando li “uma careta de espanto”,
Eu confesso que vi a coisa preta.
Pensei que era aquela mutreta,
Que hoje em dia acontece tanto.
Fiquei só pensando aqui no meu canto,
Se alguém não vai dizer que eu sou careta.
Eu sou daquele tempo da lambreta,
Bobo, inocente, quase um santo.
Sei, este mundo velho está perdido,
Já passei por tanta situação...
Já vi levar pra cama uma virgem,
E depois na hora do acontecido,
Descobrir que havia algo escondido,
Não era virgem, era escorpião.
Jota Garcia