VENENO

Pela doença que me traz da rua

a gotejar em seu bastão viril,

a que pegou na putaria e abriu

em meu pudor, um rasgo à carne crua.

E pelo nojo dos odores fortes

que empestam alma e corpo de vergonha

e o sangue escuro que macula a fronha,

contaminada ao pus de várias mortes.

É pelo viço e sonhos carcomidos,

os peitos fartos, flácidos, caídos

em sua língua fome a impor-me a cena,

que hoje degusto, a lhe deixar servida,

minha vingança ardendo na comida

que você come, enquanto se envenena.