A Dor
Vai e despedaça as fibras desta vida!
Punge, fria, as cadeias do meu ser...
Máquina inexorável de moer —
O que sou, uma esperança a Deus erguida?
A eterna luta de uma alma vencida?
Tão ligeiro a correr todo o prazer!
Mas sei que não termina ao morrer...
Fugir da lide só agrava a ferida!
Devo aceitar a dor cruel que talha
Como um diamante estando senciente,
Suportar impassível todo o mal.
Tornar-se campeão, mas sem medalha
Nem glória. Ser bom, bravo e paciente.
E sorver toda a dor até o final.