SÓS
Olhando imagens pelo vidro de um aquário,
imerso em águas tanto limpas, quanto inférteis.
De coisa viva, apenas ele, solitário;
e nada mais lhe incita o empenho ou interesse.
Encerra-se na transparência das paredes;
sem amparar os pés no fundo inatingível,
meneia mãos e braços, pernas, incansável,
cumprindo, corpo, seu ofício de ocorrer.
As coisas lá do mundo externo dançam tortas,
com suas formas maleáveis e embaçadas,
perante as vistas enfadadas de enxergar.
Num gesto involuntário, despedaça o vidro
e... Quanto espanto, ao ver-se em meio a mais aquários!
E cada um, com outro só a se afogar.