Desejo


Vês, o que estas donzelas sentem ao meu contato,
Tu, embora tardiamente, já sentistes.
A volúpia do meu beijo, em outras horas,
Sempre me lembra o teu quando partiste.


Meus braços que enlaçam aquelas que foram
O bálsamo, a cura para minha doença;
Amargamente aquecem a todas entre si;
Recostadas ao meu peito fonte de tua crença.


E meus olhos que perscrutavam teu ser ditoso,
Em busca daquele alento tão desejado;
Hoje, são vagos, parecem duas contas sem vida.


Sim, até eu mesmo mudei, estou cansado,
De afagar os corpos de tantas amantes,
Procurando nelas, ver-te em minha frente despida.