EM PLENO AZUL - Álvaro Martins
É doce contemplar os esplendores
destas olímpicas manhãs cheirosas,
em que os lírios gentis e as brancas rosas
derramam sobre a terra os seus odores.
Em que do arvoredo entre os verdores
cantam aves de novo; e, harmoniosas,
enchem as selvas de cauções ruidosas,
as canções maviosas dos amores.
Vamos, senhora, percorrer a trilha
destes campos em flor, onde já brilha
da primavera o divinal sorriso…
Nestes dias é doce amar, querida,
porque para os que amam nesta vida
o mundo é um verdadeiro paraíso.
© Álvaro Martins
in: Jornal “A Quinzena”, 1888.
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Álvaro Dias Martins (Trairi, 4 de abril de 1868 — Fortaleza, 30 de junho de 1906) foi um poeta brasileiro, patrono da cadeira Nº 2 da Academia Cearense de Letras.
Depois de ter morado em Fortaleza durante cerca de seis anos, onde trabalhou como caixeiro viajante, foi morar no Rio de Janeiro, em 1885. Na capital do Império, exerceu a atividade jornalística, colaborando com o jornal abolicionista Cidade do Rio, de José do Patrocínio, e no republicano Gazeta Nacional.
Devido a problemas de saúde, regressou ao Ceará em 1888, onde fundou o Clube Republicano do Estado. Exerceu, a partir de 1901, o magistério no Liceu do Ceará.
Foi sócio-fundador do Centro Literário. Seus poemas foram publicados em diversas revistas no país e no exterior, tornando-o bem conhecido. Entre os que elogiaram o seu trabalho, destaca-se Eça de Queirós, conforme nos relata o Barão de Studart (Dicionário Bio-Bibliográfico Cearense, Tomo I, p. 41, 1980).