“Mulher””
"Quando passas, altiva, por mim na rua,
Finges não me conhecer, mas por que?
Se tenho a mistura de meu corpo em ti, bem se vê,
E se minha sombra vaga ao lado da tua.
Quando passas, quanta coisa também ignoro.
Ignoro aquele minuto, quando em meus braços nua,
Ruborizada de pudor, repetias: - sou unicamente tua;
Comprimindo minha boca, num beijo quase sonoro.
Hoje, que adianta passares tão altiva por mim,
Se temos na boca o mesmo beijo sem fim.
Finges, e eu a ignoro, nem uma palavra sequer.
Passas, mas nego a volúpia de uma noite
Quando em caricias cobri teu corpo num açoite;
Imagem de menina, minha única mulher."