POLICHINELO
Ao Heitor Villa-Lobos, in memorian
Quando o meu sentimento for lavoura,
e as lágrimas de âmbar e de safira
lavarem o meu pranto e a minha ira,
decerto há de brotar a luz vindoura.
Quando a flor da minha tristeza murcha
e os rios da raiva perecedoura
deságuam no abismo, a Grande Vassoura
varre todos ao caldeirão da bruxa.
O preto esfumaçado é o meu escudo!
A risada feroz é o meu elmo!
Ébria felicidade é o meu haxixe!
Meu sono é uma montanha, e sobretudo
a inveja brisa é fogo-de-santelmo
que assusta ao tolo e à boneca de piche.