TEU OLHAR - Ana Nogueira
Ao divino fulgor das alvoradas
às estrelas inquietas luminosas,
ao puro lírio, as delicadas rosas,
à frescura das relvas perfumadas.
Às borboletas meigas e douradas,
volitantes, alegres, caprichosas,
aos solfejos das aves maviosas,
da casta pomba as asas prateadas.
Ao céu azul, sereno e radiante,
ao claro céu de maio fulgurante,
à branca luz virgínea do luar;
A tudo isto que o universo adora,
as rosas, lírios, aves e aurora,
prefiro a doce luz do teu olhar.
© Ana Nogueira
in: Jornal "A Quinzena", 1888
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Ana Nogueira Batista (Icó-CE, 22 de outubro de 1870 - Niterói-RJ, 22 de maio de 1967) que assim passou a se assinar quando se casou com o poeta Sabino Batista, um dos fundadores da Padaria Espiritual.
Desde cedo a poetisa frequentava periódicos como A Quinzena, do Clube Literário, ao lado de nomes, alguns consagrados, como Rodolfo Teófilo, Juvenal Galeno, Oliveira Paiva, José Carlos Júnior, Francisca Clotilde e outros. Escreveu em O Pão da citada Padaria Espiritual, e no jornal A República, sendo que neste último conquistou o 1º lugar em um concurso de 1899, com a tradução, do francês, de um soneto de François Coppée.
Ana Nogueira Batista não publicou o livro “Carmes”, anunciado em sua mocidade, mas, aos 94 anos de idade, segundo seu bisneto, Luiz Eduardo Nogueira Lerina, seus netos fizeram editar no Rio de Janeiro seu livro Versos em 1964.