A GOTA DÁGUA

A GOTA D’AGUA

Goticulava a gota dágua;

Dia a dia, após, após;

Entediado, não entendia a minha mágoa;

Como que o tédio corroía dentro de nós?

Atado aos nós que eu não aprendia e me prendia;

Não seguravam o grito silencioso da minha rouca voz;

Secavam-me o lábio e já não percebia;

Todavia, salivar já não era tão prazeroso no antes e o pós.

A mancha na pia que o gotejar repetia;

Marcava o quanto quisera te falar;

Da minha vontade incontida... Quem sabe um dia?

Poder-te finalmente me revelar;

Revelar-me simplesmente, quem sou eu, será que sei?

Transbordando a última gota que sempre terei.

PEDRO FERREIRA SANTOS (PETRUS)

16/10/2007