Insônia

A noite – de extinguir o tempo exato –

despenca sobre mim feito um rochedo.

Nem tenho mais do breu tão grande medo

quanto este de viver buscando um fato

de extrema luz, de brilho imediato,

capaz de me levar ao que foi cedo,

capaz de anunciar um novo enredo

do véu dos céus, das mãos de Deus o tato.

Só quem me entende agora é minha insônia

– sombria amiga, tímida, medonha,

pousada ao pé de mim, sorrindo o abismo.

Se eu não morrer de tédio ou de desgosto,

talvez me reste ainda à luz do rosto

este sorriso seu como cinismo.

Alex Olliveira
Enviado por Alex Olliveira em 04/07/2020
Código do texto: T6996251
Classificação de conteúdo: seguro