Insônia
A noite – de extinguir o tempo exato –
despenca sobre mim feito um rochedo.
Nem tenho mais do breu tão grande medo
quanto este de viver buscando um fato
de extrema luz, de brilho imediato,
capaz de me levar ao que foi cedo,
capaz de anunciar um novo enredo
do véu dos céus, das mãos de Deus o tato.
Só quem me entende agora é minha insônia
– sombria amiga, tímida, medonha,
pousada ao pé de mim, sorrindo o abismo.
Se eu não morrer de tédio ou de desgosto,
talvez me reste ainda à luz do rosto
este sorriso seu como cinismo.