A "VIAGEM"
No lapso de um caminho imaginado,
Não sei para onde vou, só sei que vou.
Não sei a hora da partida do meu voo,
Mas sei que serei, enfim, repaginado.
E o lugar que a mim for determinado,
Destino eterno a minha obra cavou,
Essa estrada para lá me levou.
Sendo o céu, eu então viajarei obstinado.
Sinto na minh’alma a dívida da carne.
Oh! Indigno destino do meu querer!
Que em mim, o pecado se “desencarne”.
Se a consciência quiser requerer,
Eu verei que aqui só recebi escarne
E no céu me mostrarão benquerer.
Ênio Azevedo