A MENINA NA JANELA
Vejo a estação pequena, esquecida
Quase no fim do mundo, e de tudo.
E num vagão de trem a minha vida
Vou contando à paisagem, só e mudo
Lá fora um rio, o sol, casa amarela
Com um jardim de cor das muitas flores.
E linda, emoldurada na janela,
A mocinha na idade dos amores.
Passa o trem, passa a vida balançando
Nos trilhos, fora deles, longe também.
Mas, se deixo voar meu pensamento
Se ele fica a rolar tal folha ao vento
Devagar, por si só, vai se achegando
À moça da janela e a mais ninguém.