MALUNGO (no mesmo barco)
MALUNGO (no mesmo barco)
Tu, que também viveste o qu'eu vivi
Em meio à estupidez quase absoluta,
Viste que a resistência ainda é luta!
Por isso que contigo resisti....
Mal-vindos desde Angola até aqui,
A única boa nova que s'escuta
É a que lhes perdoa a má conduta,
Enquanto escravizava a mim e a ti.
Malungo, meu irmão de travessia.
Coetâneo da desgraça inenarrável,
Sabes a liberdade já tardia.
Contudo, forçoso é sobreviver
Inobstante o que venha acontecer,
Fazendo a vida mesma memorável.
Betim - 19 04 1995