O bêbado

Cercado pelo etílico nevoeiro

De sonhos e desejos na garrafa

E ébrio, com coração traiçoeiro

Qual alvo dessas dores que o amor grafa

A espera de sua sóbria rendição,

Chegada, que um afago prenuncia

E certo que o marcado coração

Olhar rubro, sombrio, denuncia

Voltando então sedento ao liquefeito,

Destilado, aromático e perfeiro

Companheiro das noites em tragédia

De um gole, sorve só, bem e direito

O afago que ameniza em seu peito

A angústia de outra dose de acédia