DESALENTO
Perdido estou, estou de mim perdido
Abandonado dentro de mim mesmo,
Por tudo e em tudo, sempre desvalido,
Um só cismar entristecido e a esmo.
A realidade é crua feito açoite,
E então me furto sempre do presente.
Só as lembranças cercam minhas noites
Só do passado vivo, e meramente.
Nada me traz sossego, paz e encanto,
Desalentado vivo; e neste espanto,
Constantemente tenho triste tédio.
E toscamente traço passos tortos,
Pelo passado ido, meio morto,
Pelo presente indo, sem remédio.