SONETO À MADRUGADA
O balanço da rede, de um lado pro outro
tenta me fazer dormir - inutilmente
enquanto esse frio noturno e ardente
toca minh'alma e me deixa absorto
em meus pensamentos que já se vão
para longe, bem longe de mim mesmo
que fazem de meu efêmero ser, então,
espécie de vácuo, desapegado e ermo
Esse céu noturno, cinza de inverno
me toma toda a minha atenção
me tira do meu próprio inferno
e me leva para sua caótica harmonia.
Na fria noite nada me resta, senão,
aguardar o alvorecer do novo dia.