BAR

Os dedos trêmulos, frouxos tocam

o copo cheio à toalha suja

de pós de asfalto e de pós de fuga

da consciência no chão de sótão.

Sob a toalha, a mesinha torta,

em torno, várias no mesmo estado;

o velho bar, aos pouquinhos, lota

de tantas ânsias pra pouco espaço.

Voltando à mesa daqueles dedos:

acima os olhos sedentos do álcool

no copo, açúcar, limão, a vida.

Num gole apenas engole tudo,

sua existência com gelo desce,

mas a vomita perante as outras.