Permita-me, ó górgona mortal,
Permita-me, ó górgona mortal,
de adentrar-me na cova mais escura,
tocar-lhe a face frágil de cristal,
viver eternamente na clausura.
Teu olhar penetrante e sensual,
embora perigoso, é uma ternura.
Bem sei que à liberdade ele é fatal;
mas vivo, se contigo é a sepultura.
Enrijece-me o corpo, enfim, amante;
para nunca deixar esta caverna...
Isso mesmo, comigo assim, dançante:
a ti serei performance eviterna!
Não serei vulgarmente um ambulante;
mas estátua que o puro amor governa!
24/06/2020