O JEGUINHO...
Coitado do bichinho! Era bem pequeno,
Com uma carga nas costas, descomunal!
E eu gritava: Coitado! Ô seu Zé Neno...
O senhor não tem nenhuma dó do animal?
O homem era muito, mas, muito ignorante,
Gritava de lá: Se oçê tá cum pena assim
Saiba que jegue num pode ser inoperante,
Vem nu lugá dele e carrega a lenha pra mim.
Eu era um menino, não entendia muito não,
Pensava até que aquela má resposta do tal
Fosse boa e inteligente, ficava tranqüilo então.
Mas continuava com muita pena do animal.
Agora dos dois, claro! Um pelo sofrimento,
O outro por ser muito mais que um jumento.
Poeta Camilo Martins
Aqui, hoje, 04.06.09