AMOR E CAFÉ SÓ PRESTAM QUENTES

(Resposta ao soneto ENTRE O ADUSTO E O

FRIO, do poeta fcunha lima)

Diante de tal choque de temperatura,

Se o amor fosse um cristal se estilhaçaria.

Milhares de estilhaços, quem os juntaria?

Inútil, tal desastre nem o tempo cura.

É bem melhor assim. O amor quando esfria,

Morre, não mais esquenta, nem sob tortura.

E o que era fogo, festa e alegria,

Mais parece uma noite trevosa, escura.

E, se um dia você tenta um retorno,

O resultado é um sentimento morno,

Um natimorto, pronto pra ser enterrado.

Consideremos como um caso encerrado,

Porque logo vem a vida e te dá buongiorno,

Vem, e traz a esperança de braço dado.

:::::::======:::::::::======:::::::::========::::::::::

ENTRE O ADUSTO E O FRIO

O nosso amor que fora tão adusto,

Antes de se tornar bastante frio,

Depois que o coração ficou vazio,

Não ficou quente nem a muito custo.

Toquei no peito e tive enorme susto,

Como sentisse um grande calafrio,

Correu na face assim como um rocio,

Que cai por sobre os ramos de um arbusto.

O nosso amor tornou-se arredio,

Ficando a cada dia mais vadio,

De pensamentos ruins ficou onusto,

Enquanto continuei a tocar fogo

O nosso amor partiu para outro jogo,

Mas creio que isto tudo não é justo.

Fernando cunha lima 18-06-2020.

Jota Garcia
Enviado por Jota Garcia em 22/06/2020
Reeditado em 22/06/2020
Código do texto: T6984922
Classificação de conteúdo: seguro