AMOR E CAFÉ SÓ PRESTAM QUENTES
(Resposta ao soneto ENTRE O ADUSTO E O
FRIO, do poeta fcunha lima)
Diante de tal choque de temperatura,
Se o amor fosse um cristal se estilhaçaria.
Milhares de estilhaços, quem os juntaria?
Inútil, tal desastre nem o tempo cura.
É bem melhor assim. O amor quando esfria,
Morre, não mais esquenta, nem sob tortura.
E o que era fogo, festa e alegria,
Mais parece uma noite trevosa, escura.
E, se um dia você tenta um retorno,
O resultado é um sentimento morno,
Um natimorto, pronto pra ser enterrado.
Consideremos como um caso encerrado,
Porque logo vem a vida e te dá buongiorno,
Vem, e traz a esperança de braço dado.
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ENTRE O ADUSTO E O FRIO
O nosso amor que fora tão adusto,
Antes de se tornar bastante frio,
Depois que o coração ficou vazio,
Não ficou quente nem a muito custo.
Toquei no peito e tive enorme susto,
Como sentisse um grande calafrio,
Correu na face assim como um rocio,
Que cai por sobre os ramos de um arbusto.
O nosso amor tornou-se arredio,
Ficando a cada dia mais vadio,
De pensamentos ruins ficou onusto,
Enquanto continuei a tocar fogo
O nosso amor partiu para outro jogo,
Mas creio que isto tudo não é justo.
Fernando cunha lima 18-06-2020.