Soneto ao desamor
"Eu te amo", ele não dizia.
Tentava, mas não saia nada.
Tais palavras lhe eram hipocrisia.
Tinham o peso de uma tonelada.
Quem ainda de paixão morria
a sós, murcho, pela madrugada?
Isso de dar o coração de nada lhe valia!
O egoísmo do amor era-lhe uma piada.
Dedicar juras eternas? Que coisa vazia,
pois nada no mundo tanto duraria,
que a sina da humanidade é desgraçada.
O amor que é rocha, se perde na ventania
e a paixão que é imponente, morre na orgia.
Deixem-no sem amor, sem paixão, sem nada.