Soneto de boa noite
Nas praças, nos comércios e jornais,
palavras rodopiam pelos ares,
num formidável show de malabares,
criando céus e nuvens virtuais.
Tagarelice em ondas abissais
a devastar coretos e pomares,
desafiando os muros desses lares
onde descansam deuses ancestrais.
Mas, quando soa um canto maternal
– sob o olhar da estrela vesperal –
uma centelha brilha de esperança...
Entre princesas, magos, piões e ursos,
no apagar de todos os discursos...
Resta um lugar que só o silêncio alcança.