Soneto para F.
Perdão, querida, pela despedida
Por cada instante de distância e pranto,
Por cada vez que me afastei a um canto
Buscando o senso nesta horrenda lida.
Resta de nós a sombra entristecida
Das mãos unidas em singelo encanto:
Cartas de amor deixadas num recanto
D'onde se apagam como a própria vida.
Fica no espelho esta caricatura
Contemplativa da mortalidade:
" - Pobre de ti, patética figura!
Deixaste quem te amou sempre em verdade
Para viver nesta existência escura
Vergado sob o peso da saudade."