SONETO BRANCO E CINZA

São tempos e tempos de rendas tecidas

com fios de sonho e ilusões transparentes,

bobagens cretinas de achar-se importante,

em torno de iguais no fracasso cativos.

Agora se vê sufocado nas rendas

jogadas na sala do tempo perdido

por anos a fio, ao bolor, sem valia,

no alvíssimo chão de omissão do egoísmo.

Durante a vertência em que urdiu a si mesmo,

os fatos, pesando nos ares do mundo,

cavaram a cova do claro do dia.

E olhou, da janela, sem ar, o cinzento

que seu comodismo ajudou a tingir,

ao branco silêncio da cumplicidade.