O BOM LADRÃO E O MAU LADRÃO
«Aos Salteadores da Memória ofendida» (*)
Depois do vandalismo que ontem aconteceu
Na capital lisboeta – a sempre destemida –
Aos salteadores vis da Memória ofendida
Há que apontar o dedo à alma que ardeu…
Se houvesse uma Justiça nobre nesta Nação
Para os arguidos suturarem a dita ferida
A melhor penalização e a mais bem servida
Era obrigá-los a saber o Sermão d´ Bom ladrão!
Mas há o Bom ladrão e há também o Mau;
O Bom é aquele que faz o mal sem o saber,
O Mau é o que na sombra põe a acha a arder
E deixa, para o Bom, sofrer a dar co´ um pau…
Ele há ladrões Artistas e… outros que tais,
Que furtam de luvas Negras a perder de vista
E há os de colarinho Branco d´ entesada crista.
Mas… os que mais há, e que vão longe de mais,
São aqueles que tentam a rapina da memória
Esmagando a seus pés a consciência da História!
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA
(*) - Em desagravo à Memória do Padre António Vieira