SONETO CREPUSCULAR
Se a chama desse instante mal domina
A angústia em cada olhar, viver é brisa
Em cujas asas vamos, sonho e sina
Insana que a si mesma não reprisa.
Amamos cada novo brilho à míngua
Do quanto um dia fomos, sem mentira
Aos lábios, sem qualquer certeza à língua
Em tempos cinza, em mar que se retira...
Traçar de tais suspeitas rotas, rumo,
Prevê nas chances doutro sol chegando
Um póstumo hoje, esboço dum resumo
Errando sobre nós o como e o quando.
No ocaso alguém dirá que tudo é lindo?
O agora é o sol que parte...mas vai rindo.
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