NA VEIA

Do corpo dado, à noite, em oferenda,

ao látego de um fado desditoso,

inflama-se o sinal de um fero gozo

que foi gravado a dente em sua fenda.

De resto, mergulharam-na à execranda

desonra de pessoa a impróprio vezo,

contrária às convenções, amarga o peso

da hipócrita vidinha de ciranda.

Prossegue a açoite e soco a arder na veia,

enquanto afunda o brio em cama alheia

e inunda em fel e sal o seu sofrer.

E rente ao chão se escorre, tal lacraia

imersa na vergonha que se espraia

nos rituais sombrios do prazer.