Entorpecente

Cortante qual adaga o peito fura

o teu amor singrou-me loucamente…

Tal gavião audaz na desventura

voei, chorando, ao céu entorpecente.

No meio da jornada tão escura

eu viciado em teu amor fluente

seguia pelo vale da ternura

sem distinguir a morte bem à frente…

Outrora tão feliz eu me encontrava

que me despi da dor, do véu, da trava

diante da doçura tua em molhos…

Agora bem depois da minha entrega

tua alma friamente me renega

enquanto, no caixão, me fita os olhos.

*Versos decassílabos

Gustavo Valério Ferreira
Enviado por Gustavo Valério Ferreira em 07/06/2020
Reeditado em 18/06/2020
Código do texto: T6970713
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