SONETO MEDONHO

Janelas prenhes de silêncio à espreita

Das calçadas vazias desse agora --

São os olhos duma dor perturbadora

Sorvendo o dia, escuridão perfeita.

Da luz que se insinua em fresta estreita

Exala a sugestão do que há, cá fora,

Em dia sem beleza redentora,

Em vida já sem fórmula ou receita.

Enlouquecidas, já, de não ter sonho,

As janelas em treva permanente

Olham sem ver em dia assim, medonho.

Alguém batendo à porta, algo insistente,

Sem suspeitar que o dia é mais tristonho

Sob tais janelas, pobre inconsequente...

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 07/06/2020
Código do texto: T6970308
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