Um pouco sobre Florbella Espanca

Ser Poeta é ser mais alto, é ser maior

Do que os homens! Morder como quem beija!

É ser mendigo e dar como quem seja

Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor

E não saber sequer que se deseja!

É ter cá dentro um astro que flameja,

É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!

Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim…

É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente…

É seres alma e sangue e vida em mim

E dizê-lo cantando a toda gente!

Título: Charneca em Flor

Autor: Florbela Espanca

Data Original de Publicação: 1931

Data de Publicação do eBook: 2013

Capa: Ana Ferreira

Imagem de Capa: Les Nymphéas, de Claude Monet

Revisão: Ricardo Barradas

ISBN: 978-989-8698-03-2

Fagner canta Fanatismo, da poetisa portuguesa Florbela Espanca: https://www.youtube.com/watch?v=xe6U0re4TUE

Fagner canta Fumo da poetisa portuguesa Florbela Espanca: https://www.youtube.com/watch?v=FEsximBvOvY

LIVRO DE SOROR

Livro do meu amor, do teu amor,

Livro do nosso amor, do nosso peito…

Abre-lhe as folhas devagar, com jeito,

Como se fossem pétalas de flor.

Olha que eu outro já não sei compor

Mais santamente triste, mais perfeito…

Não esfolhes os lírios com que é feito

Que outros não tenho em meu jardim de dor!

Livro de mais ninguém! Só meu! Só teu!

Num sorriso tu dizes e digo eu:

Versos só nossos mas que lindos sois!

Ah, meu Amor! Mas quanta, quanta gente

Dirá, fechando o livro docemente:

«Versos só nossos, só de nós os dois!…»

Publicado na Live lítero-musical em https://www.facebook.com/rogeriomarquescostaoficial/videos/3172049686180556/