SONETO MALDITO

Retornas de não ser ou de ser menos

Que a noite encarcerada em teus umbrais,

Desamparada, a ofensa dos acenos

De parvos reluzindo em mil punhais.

Inspiras mesmo apelos mais obscenos

Que essa ilusória chama contumaz

Que por amor se passa, indigna Vênus

De alheio sonho sórdido, sem paz.

Devolves ao eterno o que é mais caro

E sofres a penúria do maldito

Em grau tão peculiar, em modo raro.

Retornas, entretanto, ninguém diz

Que a sanha de domar horrendo grito

Será do enredo vão o final feliz.

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 05/06/2020
Código do texto: T6968652
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