SONETO MALDITO
Retornas de não ser ou de ser menos
Que a noite encarcerada em teus umbrais,
Desamparada, a ofensa dos acenos
De parvos reluzindo em mil punhais.
Inspiras mesmo apelos mais obscenos
Que essa ilusória chama contumaz
Que por amor se passa, indigna Vênus
De alheio sonho sórdido, sem paz.
Devolves ao eterno o que é mais caro
E sofres a penúria do maldito
Em grau tão peculiar, em modo raro.
Retornas, entretanto, ninguém diz
Que a sanha de domar horrendo grito
Será do enredo vão o final feliz.
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