Vil acalento

Vil acalento

Sopram os ventos, pulveriza os mares

Queima às flores silvestres, do meu peito

Embalsama nos brados doces, álacres...;

Ilusões amorosas do sujeito!

Mas que vil acalento, mas que efeito

Entorpecente que evola nos ares!

Que alucina e desvaira os torpes peitos

Obnubilando-os, nos vis altares!

Palpitação no peito, morta e gélida;

Paixão dilacerante, podre e fétida:

Sideração mortal, visceral réquiem.

Amar ? Nunca amei! Pois sempre te abstenho;

Ó alegria, ó paixão: calor que tenho,

Inteiramente, à vida de outr'alguém!

Cardoso de Figueiredo
Enviado por Cardoso de Figueiredo em 31/05/2020
Reeditado em 31/05/2020
Código do texto: T6963797
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