A CADA UM O SEU DESTINO

(Para Ricardo Camacho, por seu poema NUNCA SÓ)

Nascemos sós a cada um o seu destino,

Labirinto do qual ninguém pode escapar.

Nem bem chegamos já é hora de zarpar,

O seu tempo se esgotou, já dobra o sino.

Há contas a prestar, passar no pente fino.

A alma vai sozinha pra outro patamar,

Sem ter o já inútil corpo a lhe pesar,

Resplandece, num leve brilho hialino.

Por aqui seguiu a trilha da retidão,

Numa vida de pobreza em terra alheia,

Porém sempre cheia de resignação.

Ao despedir-se uma lágrima cai na areia,

Enquanto parte envolta em luz em plena treva.

E tudo mais fica pra trás, nada se leva.

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NUNCA SÓ

Dificilmente o ser humano escapa

Da senda que se mete, solitário,

Na terra, em breve, o trágico inventário

Perdendo o pergaminho a sua capa!

Enquanto em pé, desenha sem borracha

O seu destino em verbo proletário,

Pisando com seus pés de locatário

Um solo cuja a mãe ele não acha!

Expende a lágrima no extremo instante

Quando esmorece e tudo está distante

Na treva oculta, mas, envolto a luz,

A luz amiga, sempre tão constante,

Que nunca trata como um filho errante

E apenas torna leve a sua cruz.

Ricardo Camacho

Jota Garcia
Enviado por Jota Garcia em 28/05/2020
Reeditado em 09/06/2020
Código do texto: T6961145
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