FLOR DE INFORTÚNIO
Encantado, contemplo a mocinha alegria,
namorada ternura, a mais linda e serena;
um jeitinho de flor delicada e pequena
a aninhar-me a existência à morada poesia.
Despontou-me, recente, em solar melodia,
acalmando o remorso indomável, a pena
que suporto no peito e, voraz, me envenena
cada instante em que aspiro ar de ardor, agonia.
Quer saber a razão da penúria ceifeira
e lhe conto: “Perdi a que foi a primeira
emoção fervorosa, a paixão que morreu...
ao parir minha cria infeliz, assassina”.
Em detalhes, contei que fugi da menina.
Fez-se um grito de horror: “Sua filha sou eu!”