CONDÃO DE POETA

O poema germina à amplidão do poeta,

se liberta, sutil, sorrateiro, no espaço

do insondável; acorda o luar, sua meta,

e se despe da capa, a que veste seu traço.

Rodopia o poema ao redor do poeta,

a marcar, bailarino, o seu próprio compasso

com mesuras e graça, à canção predileta,

desenhando, no verbo, a magia do passo.

O poema converte, em alado, o poeta,

emprestando-lhe alguma asa a mais de seu dorso

e voejam a ornar os caminhos do verso.

Pairam juntos no céu, sem o mínimo esforço...

Já cumprida a missão, é o poema disperso

e concede-se, inteiro, ao condão do poeta.