ÓDIO MONSTRO
Da atroz miséria, um audaz menino
se arrebentou num casebre, cujo
telhado em lona escorria fino
filete esgoto do mundo sujo.
Da vida amarga, engoliu rabujo,
do preconceito, um vigor ferino
e ainda assim, viu fiel marujo
em brando mar, o voraz destino.
E contra todos os nãos, estorvos,
fez, em seu céu, debandar de corvos,
acreditou que teria o ar.
Monstro polícia invadiu casebre
e exterminou, com seu ódio febre,
menino pobre que ousou sonhar.