À VENDA
Os pensamentos se movendo no compasso
enlouquecido à edaz rotina, vil roteiro;
meus alicerce, essência encubro em capa de aço,
pela esperança vã de um dia alvissareiro.
Os sentimentos nus se esgarçam sob o passo,
enquanto engulo meu desejo verdadeiro,
nesta jornada que, na angústia preso, traço,
me pondo à venda por mais lucro, mais dinheiro.
Assim prossigo, erguendo a vida pelo muque,
nenhum descanso, a me safar de algum torpedo
que venha destruir, no estrondo, meu batuque.
Na insana lida em que me escondo à lona medo,
vou permitindo, cão, que o pérfido me eduque
a sufocar, manter meus puros em segredo.