SONETO DA SAUDADE
 
 
Em teu olhar distante do retrato
há tempos na parede, pendurado,
eu posso ver o tempo já passado,
que minh’alma insiste em dar-lhe trato.
 
Um sofrimento torpe, insensato,
anula o meu sorriso acanhado.
Por quanto tempo eu tenho albergado
em meu âmago o sentimento ingrato?
 
Fitando o velho rosto na parede
retorna a minha fome - aquela sede
e me embalo em velhas lembranças...
 
Quem dera ter-te agora aqui no quarto,
revivendo a paixão com a qual me farto,
calando em mim esta destemperança!
 
 
 
(Milla Pereira)