SOB O PÓRTICO
SOB O PÓRTICO
Observo do vestíbulo o arco gótico,
Sobre-elevando ogivas a alturas vãs,
Como se não para homens, sim titãs
Que viessem n'um cortejo apoteótico.
Do mais extravagante ao mais exótico,
Cruzes santas e gárgulas pagãs
Ornam os capitéis d'onde malsãs
Testemunham outro óbito despótico...
Há algo que repugna e atrai no crime
E as cabeças roladas a um só gesto
Não falam apinhadas sobre o vime.
Hoje, esse átrio silente é só seu resto,
Onde tão desolado que sublime,
Eis-me aqui sob o pórtico funesto!
Belo Horizonte - 12 10 1999