Eu escrevi esse soneto em nome da posição estrutural que ocupo, em termos geracionais...somos humilhad@s, velh@s, negr@s, indígenas e mais e mais... se a vida é uma vidraça, eu sou a pedra

Distopia
Edir Pina de Barros

Suspensa nesse vácuo que me enlaça,
sem nada que me apoie ou dê suporte
prossigo só, sem nada que conforte
o meu viver sem vida, tom e graça.

Ninguém sequer me vê, ninguém me abraça,
(sou vulnerável, ícone da morte),
e passo sem passar, sem que me importe
se vivo por detrás de uma mordaça.

Resisto ao vírus que semeia o drama:
se a vida é uma vidraça eu sou a pedra 
que rompe o espaço quando não se espera.

A vida é um vir a ser que o tempo trama
em meio ao caos e que se atira, apedra
nas brenhas da incerteza e da quimera.
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 19/05/2020
Reeditado em 17/07/2020
Código do texto: T6952355
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