NÃO SOU POETA
Tenho tudo à mão: o papel e a pena.
Faltam-me versos, rimas, emoção...
Limo e esmero cada imaginação,
mas a sorte ao vazio me condena.
Olho os campos... Aves em cantilena
percorrem os céus... Em minha visão,
o Belo campeia... Mas é tudo vão,
não sai um verso pelo bico da pena.
Recorro ao mar, aos rios, às cascatas,
volto no tempo e ouço serenatas,
apelo pra Camões, Bilac (esteta
e famoso sonetista, proeminente),
que me dizem, de forma contundente:
- Guarde a pena, você não é Poeta!