BATALHA DE RIMAS EM SONETO
ACADEMIA BRASILEIRA DE SONETISTAS - ABRASSO
ATIVIDADE – BATALHA DE RIMAS EM SONETO.
Atividade proposta pelo Membro Acadêmico Sonetista Fernando Belino.
TAREFA:
Cada sonetista deveria compor um soneto, usando os pares de rimas indicados para os quartetos e para os tercetos. No total, o poema poderia ter, no máximo, cinco pares de rimas.
Esquemas de rimas.
QUARTETOS
ABBA ABBA
ABAB ABAB
AABB AABB
TERCETOS
CCD EED
CDC DCD
CDE CDE
Os pares de rima foram escolhidos a partir de uma recorrente na obra de quatro grandes sonetistas:
Amor - Camões
Brilhante - Olavo Bilac
Brancura - Cruz e Souza
Sombrio - Augusto dos Anjos
Para os quartetos: AMOR e BRILHANTE
Para os tercetos: BRANCURA e SOMBRIO
Observações:
a) Essas palavras deveriam aparecer, obrigatoriamente, no final de um dos versos.
b) Os sonetos deveriam ser compostos em versos decassílabos.
Acadêmico: Paulino Lima
Cadeira n° 01
Patrono: Castro Alves
ESTÂNCIA DO AMOR
Este sentir intenso e flamejante
Ânsias ardentes, almas em furor
O destino mordaz de todo amante
Que embrenha a estância intrínseca do amor.
– A Paixão – energia tão possante
Liame dos corpos, ímpeto, calor
Luz da emoção, a fonte mais brilhante
O cerne dos sentidos em fulgor.
- Alçam-me as chamas quando assim te toco
Atiça-me um incêndio, enorme foco
Noites de anseio - Trevas e Brancura.
Se me faltares qual chuva no estio
Vagarei por um vale assaz sombrio
E jazerei na cova da loucura.
Acadêmico - Luciano Dídimo
Cadeira n° 02
Patrono - Horácio Dídimo
A LUZ
A luz da Estrela Azul, que é tão brilhante,
Adoça a roxa fé como um licor
E apaga o tempo cinza já distante,
Abrindo os nossos olhos para a cor:
Do verde da esperança ali adiante,
Do tão avermelhado Sol do Amor.
A luz que resplandece radiante
Nos mostra um novo mundo e seu primor.
As águas cor de prata descem rio,
Varrendo a negra cor da noite escura
E dissipando a dor com cortesia.
A luz clareia tudo o que é sombrio,
Fazendo a paz mostrar sua brancura
E rebrilhar o ouro da poesia!
Acadêmico: Jerson Brito
Cadeira n° 04
Patrono: Cláudio Manuel
NOITES VAGAROSAS
Volito em brisas calmas, visitante
do extenso firmamento ao meu dispor
e, enquanto arrebatado, detentor
do riso de uma estrela, a mais brilhante.
Um férvido fascínio me garante,
nas noites vagarosas, o favor
de descansar nos braços desse amor
ainda em minhas carnes latejante.
A maciez das nuvens, a brancura
alegram tanto o pássaro vadio
que em tétricos caminhos me procura...
Tu és um sonho e nele me sacio,
lambuzo o coração de paz, doçura,
pois sóbrio também sou demais sombrio.
Acadêmica: Janete Sales
Cadeira n° 05
Patrono: Augusto dos Anjos
CLAMOR DE AMOR
Uma névoa encobriu o nosso amor,
impregnado daquela luz brilhante
Quem dera novamente o resplendor
Nossos corpos no enleio radiante
Eu a caça e você meu caçador
Numa noite sem fim, alucinante!
Volte para o meu mundo sonhador...
Sua ausência reluz em meu semblante!
O inverno tece o abraço da brancura
E o nosso esconderijo está sombrio
Adormeço pensando numa cura
Quem dera preencher esse vazio
Ressuscitar o instante da loucura...
Volte e desperte as águas do meu rio!
Acadêmica: Edir Pina de Barros
Cadeira n° 06
Patrona – Cecília Meireles
ENLUTADA
Eu sinto falta, mãe, do seu amor,
e andejo triste, embora ainda cante,
em cada canto vejo o seu semblante,
silente, como um santo em seu andor.
Do seu retrato emana paz, candor,
do seu olhar, outrora tão brilhante,
o desmedido amor, a fé constante,
que nada e que ninguém há de transpor.
O meu viver agora é tão sombrio,
carente de carinho, amor, ternura,
que o seu retrato, em pranto, acaricio.
Como viver na noite sem brancura?
Eu mesma me pergunto, desafio,
a ruminar a dor que não se cura.
Acadêmico: J. Udine Vasconcelos
Cadeira n° 07
Patrono – Mario Quintana
AMOR DE MÅE.
Amor de mãe, divino e terno amor.
Do santo coração, áureo, brilhante,
Jorra a luz em essência e esplendor,
E em generosidade excruciante!
Mãe - excelsa criatura em seu calor
Maternal! Do seu seio abundante
Escorre o leite que nutre, em fulgor,
Filho a chorar, de fome, a cada instante.
Cada seio de mãe, em sã brancura,
Jamais se torna frio ou arredio,
Por não faltar amor e grã ternura!
A mãe é Anjo de inefável brio,
Existe pra se doar à criatura,
Com seu amor e luz, sem ser sombrio!
Acadêmico: Fernando Antônio Belino
Cadeira: 08
Patrono: Manuel Bandeira
ÍCARO ABANDONADO
Na despedida, ao derradeiro instante,
Guardei o amargo beijo, meu amor!
Do triste engano em que vivi constante,
Nos lábios trago ainda o vil sabor...
De tudo que sonhava ser brilhante,
Nas juras que fazias, com fervor,
Feliz ficava, ingênuo e confiante,
Mas tu mentias, sem nenhum pudor!
Perdido, vivo em sôfrega procura,
No infindo labirinto, hostil, sombrio,
Sem asas, preso ao chão, sem liberdade.
Nuvens de neve em divinal brancura...
O azul do céu e o vento em assobio...
E eu preso, aqui, sofrendo sem piedade...
Acadêmica: Sílvia Araújo Motta
Cadeira n° 09
Patrono: Guilherme de Almeida.
AMOR MATERNO IMORTAL
O coração de Mãe sublima amor.
Na artéria quer magia em vez reinante;
o sangue - leite puro - vem compor;
nutre, sustenta, cria forte o infante!
Maternidade sabe dor transpor!
Fonte de luz conserva o ser brilhante .
Sempre a doar carinho, paz, calor
não pede troca, faz sorrir semblante.
Quem oferece sol retém brancura;
dentro de si não há lugar vazio:
Sopro de Deus é Lei, traduz ternura.
Quem ama espalha fé no mar sombrio,
entrega a Deus seu fruto e voz futura.
Mãe é imortal, transcende imenso brio.
Acadêmico: Adilson Costa
Cadeira n° 10
Patrono: Luís de Camões
JURAS DE AMOR
A lua faz da noite o corredor
de uma saudade eterna e delirante,
mesmo que a estrela seja tão brilhante
e o firmamento altere a sua cor.
A seiva matutina faz da flor
a inspiração maior de todo amante,
que rouba o seu perfume a todo instante
deixando em troca o seu infindo amor
para fazer do tempo sepultura
num cemitério outrora tão vazio
que multiplica a mais triste brancura
dos epitáfios do mais tênue fio
da vida quando então era mais pura
para o destino não ser tão sombrio.
Acadêmica: Elvira Drummond
Cadeira n° 13
Patrono: Mario de Andrade
AS CORES DO AMOR...
Enfeixa a natureza muito amor...
Destaco a luz do sol que nos garante
O abraço de suas cores decompor,
Tal qual procede o prisma em um brilhante.
E borda, em um tapete, toda cor
Que pulsa em cada flor, tão elegante...
O artista, seja lá quem ele for,
Capricha! Não há nada destoante!
E se você aponta um tom sombrio,
Olhou no lado avesso da pintura —
Por trás de cada luz, um desafio...
Porém, a comunhão que há na brancura
E enlaça toda cor, eu abrevio:
É Deus com seu amor — beleza pura!...
Acadêmico: Marco Aurélio Vieira
Cadeira n° 14
Patrona: Florbela Espanca
O AMOR
A dimensões descomunais, o amor
abraça a grávida extensão arfante,
que brota vida a pulular e, avante,
vai procurar-lhe o essencial calor.
Perseverante no vital lavor,
o amor orvalha em gotejar brilhante,
disseminando na extensão vibrante
o viço a abrir-se a seu total favor.
Às vezes, faz-se em explosão, na altura,
de um mar de pétalas num ar de estio,
caindo ao solo, cobertor brancura.
Também, de intenso, despetala o brio.
Se tanto o enlevo; e se demais, ternura,
não se suporta e apaga, o amor, sombrio.
Acadêmico: Arlindo Tadeu Hagen
Cadeira n° 17
Patrono: Vinicius de Morais
DESAFIO
Àquele amor que foi meu grande amor
tento dizer o que não disse antes:
quando surgiste a vida era um negror
de sensações amargas e frustrantes.
Então chegaste, colocando cor,
pintando em telas vivas e brilhantes
a minha vida, dando mais valor
a cada instante em todos os instantes.
Há tanto o que escrever mas, na procura
de achar inspiração, meu desafio
é roubar do papel toda a brancura.
Mas penso em meu viver, antes sombrio,
e, sem conter no peito esta ternura,
não ouso dizer nada... e então sorrio!
Acadêmico: Ineifran Varão
Cadeira n° 18
Patrono: Gonçalves Dias
CEGUEIRA INESPERADA
Já não consigo ver-te um só instante,
pois me persegue o anátema da dor!
Amargos, os meus erros por amor
deixaram-me estilhaço lancinante!
Não fosse a minha dor assaz gritante,
eu juro, buscar-te-ia com uma flor
e mesmo com carisma pecador
dar-te-ia do céu um astro, o mais brilhante!
Ó como dói lembrar da tua candura
e não poder rever-te neste frio!
É ser um lírio branco sem brancura,
candeia abandonada, sem pavio...
é ter n’alma o prazer e a desventura
...viver o amor mais lindo e o mais sombrio!