E quando a esperança acaba?
Faz força os pulmões para inalar ar rarefeito
Sangue nas veias mas sem o ímpeto do coração
Passa o tempo devagar, este algoz insuspeito
De novo e de novo o desgaste da reconstrução
Sei o antídoto, mas não vislumbro seu efeito
Viver sem sonhar de novo e de novo é obrigação
O espinho alojado dentro do meu peito
Não sangra mas não cura, sem consideração
O sol tenta desfazer o céu escuro e nublado
Olho para trás e não dou um passo, hesitante
Olho pra frente e tenho que seguir, relutante
Lágrimas lavam o meu corpo fustigado
Olho para o horizonte trêmulo e inconstante
Meu caminho, eterna melodia dissonante