AFRICÂNER

Longa vida, triste existência, solitária e fria,

Desértica lua, com brilho, mas sempre vazia!

Na mais pura imensidão, de sentimento turvo...

De fome e sede, o meu corpo debilitado curvo.

Ossos de aflição, olhos esbugalhados... Calado,

Sigo rumo à minha própria dor que se acumula!

Tento respirar um ar que não existe, está parado,

Braço e perna, só o coro apenas, agora trêmula...

Ao longe, olho feliz, um ser que se aproxima e vejo,

O fim de todo o meu sofrimento! Ah, quanto desejo!

Sem pestanejar grito o quanto posso, sou eu, morte,

Venha me levar! Oh, infeliz deserto, era só miragem!

Não tenho deste viver nem esta desgraçada sorte?

Deus, como desejo o dia de minha última viagem!

Poeta Camilo Martins

Aqui, hoje, 19.03.2012

19:40 (Noite)